About the expo

Para as cidades europeias, a praça é o mais importante local. É lá que acabam as artérias principais ou estão os edifícios e as estátuas mais importantes. Uma praça urbana europeia é um resumo. Histórico, arquitetónico, cultural e social. Na praça de uma cidade são bem visíveis e muitas vezes em simultâneo todos os estratos da vida humana, da vida social. A praça da cidade é, desse ponto de vista, um espaço privilegiado. Um palimpsesto que fala, se souber lê-lo, da história e da vida do assentamento em diferentes épocas.

A exposição propõe uma mudança de perspetiva sobre as praças das cidades europeias. A declaração pode parecer ousada, mas a formulação deve primeiro ser entendida no sentido próprio das palavras. As fotos da exposição, tiradas com um drone profissional, dão uma perspetiva aérea das praças de várias cidades históricas da Europa. Praças famosas de capitais conhecidas, das periferias geográficas da Europa, Lisboa e Istambul, estão expostas ao lado de praças anónimas, mas não menos interessantes, como os dos assentamentos aromenos nas Montanhas Pindo, com o seu lendário plátano no centro, plantado séculos atrás, aquando da fundação da localidade.

O espaço geográfico da praça é o fio condutor desta exposição. O ponto de partida reside numa constatação muito banal, mas cujas consequências são importantes não apenas em plano visual, mas também na compreensão da praça como um fenómeno histórico e cultural: não dá para ver uma praça inteira… estando na praça. Claro, à exceção daquelas cidades históricas onde uma torre de catedral, difícil de escalar, permite ter uma visão geral do espaço, de uma altura não muito alta.

A fotografia tirada por um drone é o que, em termos técnicos, é chamado de vista aérea panorâmica, perspetiva à vol d’oiseau, em francês, ou bird’s eye view, em inglês. É uma das poucas situações em que a linguagem técnica e a plástica se sobrepõem com tanto sucesso. A vista de cima é, quase sem exceção, espetacular. Mas a perspetiva aérea também tem a vantagem de nos fazer entender o que, ao passear pela praça, podemos apenas intuir. Uma estrutura com profundidade. É dessa forma que se explica a tentativa da exposição de mudar, desta vez figurativamente, a perspetiva sobre as praças.

Uma verdade óbvia: as praças não existem em si, mas apenas dentro dos assentamentos. Daí a natureza elementar da praça e o mais claro método de definir antropológica e visualmente a praça, por referência à cidade circundante. Seja organicamente desenvolvida ou colocada no solo de acordo com diagramas pré-determinados, a estrutura das cidades apresenta uma tensão fundamental entre o espaço da praça e o resto do seu espaço, claramente visível ao olhar do céu. Espaço aberto versus espaço fechado. Espaço de passagem versus espaço de estacionamento. Em Cidades para pessoas, Jan Gehl define a diferença entre as duas componentes da cidade: “Enquanto as ruas transmitem a ideia de movimento − “por favor, circulem!” −, a nível psicológico, as praças sugerem descanso. Os espaços de circulação incentivam-nos “vamos, vamos!”, a praça diz: “vamos parar, vamos ver o que acontece aqui!”. Tanto as pernas quanto os olhos deixaram uma marca indelével na história do planeamento urbano. As unidades básicas da arquitetura da cidade são os espaços de movimento – as ruas – e de perceção – as praças”.